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Mensagens

A mostrar mensagens de 2020

AS MUSAS DE APOLO | Frassino Machado

AS MUSAS DE APOLO  No sumptuoso Trono do Olimpo celestial Tangia Apolo na sua Lira, as vibrações Da dança e voz das nove Musas, em coral, Por entre soantes cânticos de aclamações. 1. Calíope, qual a Musa da eloquência E da bela poesia heróica discursiva, Possuía a mais bela voz e influência E, por todo o Olimpo, a mais persuasiva. 2. Clio, qual a Musa responsável da História E coordenadora das festivas celebrações, Avivava o cultivo da plural memória Dinamizando toda a Escrita e tradições. 3. Érato, qual a Musa lírica e amorosa Dos desejos eróticos e sonhadores, De seu nome adorável e sempre deleitosa Cantando à Lira as paixões e os amores. 4. Euterpe, qual a Musa da festa e d´ alegria, A preferida de Zeus e de Mnemosina, Usuária da suave flauta e da poesia E líder coral, como elegante dançarina. 5. Melpómene, qual a Musa do teatro e da tragédia, Briosa corista com a máscara ornamentada, Representando, por vezes, a própria comédia Na severidade que se impõe ao drama de fachada. 6. Polí

SAGRADA POESIA | Joaquim Jorge De Oliveira

Ilustração: obra de Manuel Nuñez SAGRADA POESIA Adoro! Quando chovem palavras Suaves como plumas sobre mim Adoro! Quando dispo com o olhar O teu vestido rosa de cetim Adoro! Quando Deus pinta o céu Com as cores do arco-íris E beijo o rosto que escondes no véu Adoro! Quando enfeitas o teu cabelo Com adereços exóticos de magia Adoro o teu crítico e sábio conselho No final de cada sagrada poesia Adoro sentir-me parte do universo Dependente do teu ser mortal Adoro, adoro! Confesso! Esse teu lado mais espiritual Adoro ver passar o tempo. Adoro! Exercer em nós a metamorfose Rápida como um velho meteoro Adoro a prece que inventaste Com a intenção de nos salvar Adoro o sonho que me contaste Longe deste lúgubre lugar Adoro! A noite eterna dos poetas Abençoada pelos teus beijos Oferecidos aos sábios profetas Adoro! Quando sinto desejos Pelas coisas íntimas e secretas Adoro! Quando me deixas amar No éden de flores, esbeltas Adoro sentir a fresca madrugada Com perfume divino de maresia Exaltada pa

A LEVEZA DO SER | Ró Mar

A LEVEZA DO SER A leveza do ser é beleza de ver A olho nu...; sentir, que o sol vai partir Na noite a nascer; lençol de amanhecer... Cambraia a esculpir o ser que há-de existir... Tecendo sereno a face do terreno Na tela esmeralda...; é sonho de vida, Que anoto no caderno...; é dia em pleno Vento e de grinalda iluminando a saída... Ah! Este mar tão calmo e dum infinito olhar P'lo ser a cirandar... tem mais de um palmo De verdejante almo e mais pra contar... Ah, na tela a brincar lê-se salmo, Que tão bem declamo! Este veranear Dos céus faz do mar paz e vida que amo. © Ró Mar https://ro-mar-poesia.blogspot.com/

"NO VOO DAS PALAVRAS" | Frassino Machado

NO VOO DAS PALAVRAS  Todas as palavras se assemelham a pedras Umas de corpo menor, outras de corpo maior; Com elas se pode matar, ou pode fruir, Com elas se pode chorar, cantar ou sorrir. São pedras e todas elas, corpo de palavras Que em liberdade saem das mãos do poeta; São elas, só elas, que acabam com a guerra Instalando p´ lo tempo a poesia na terra. Há pedras de corpo menor, corpo de versos, E, como se fazem casas, fazem-se os livros; Elas vêm de longe ou encontram-se imersas Nos pontos de encontro, de paixão e promessas. Há pedras de grande corpo, como montanhas, Que fazem abrigos ou, quem sabe, janelas; E revelam-se em si no condão doutras vidas, Vidas alternas, mas sempre vidas sentidas. Palavras de estâncias vivas ou estâncias mortas Feitas quimeras mas revestidas de esperança; Incertos caminhos e sendas encruzilhadas, Nos raios de luz que agitam as madrugadas. Palavras lançadas no instinto do coração Saltando as a

"SERENIDADE" | Joaquim Jorge de Oliveira

Ilustração: Obra do artista austríaco: Cristian Schloe "SERENIDADE" Vieste abraçada à Lua! E eu, gosto da paciência e serenidade Guardada misteriosamente em ti! Enquanto não deixaste a eternidade E voltaste de novo à vida aqui Chegaste como a pluma de um pássaro Solta, e livre, sem querer, sem saber Que é aqui o palco do teatro, da emoção E o bater do coração permite amar e viver Gosto da paciência e serenidade! Que trouxeste com o teu silêncio sereno Quando vieste para aqui de verdade Depois do teu périplo sagrado e eterno E trouxeste contigo esse teu sorriso Que encanta as estranhas criaturas Que ganhaste enquanto estiveste no paraíso Perdida em mil e uma aventuras De perder o norte, a noção da morte, o juízo Gosto da paciência e serenidade! Como voltaste com desejos de colo Que sentiste no mistério da saudade Voltaste como tinhas anteriormente partido Frágil, débil e cega de visão Presa ao teu corpo ainda adormecido

ARTE POÉTICA OU POESIA | Frassino Machado

ARTE POÉTICA OU POESIA   “O culto das palavras” A pensar e a falar é que a gente se entende. Como se entenderá sem pensar nem falar? As palavras – diáfano tapete que se estende – Suportam, passo a passo, todo o passo a dar. E o culto das palavras está na própria vida Que no seu horizonte gera uma emoção, E somos nós, os poetas, que lhe damos vida Sob a forma de poemas com a inspiração… Buscar palavras, quer ao sol quer ao luar, É o gesto de dor que todo o poeta despende Até que a obra se revele a germinar Naquela chama ardente qu´ o seu estro acende. Arte poética que, em si mesma, é poesia – Rosário de palavras, de alegria e canto – E mais o é se ela contiver a harmonia P´ la doce exaltação do seu feliz encanto! © Frassino Machado In JANELAS DA ALMA   www.frassinomachado.net

"ORTOGRAFIA, LUSOFONIA E PRECONCEITOS" | Fernando Couto e Santos

"ORTOGRAFIA, LUSOFONIA E PRECONCEITOS" Há algumas semanas, fomos surpreendidos - ou talvez não - por notícias vindas a lume na imprensa que se faziam eco de um certo mal-estar na universidade portuguesa. Esse desconforto estribava-se na incapacidade revelada por alguns professores para lidarem com alunos oriundos de outros países de língua portuguesa, mormente timorenses e brasileiros, ao ponto de, não raro, os alunos desses países serem brindados com uma muito desagradável frase: «Fale português!». No caso timorense, não conheço bem a realidade de um país em que durante a ocupação indonésia - que durou duas décadas e meia - o português nem sequer foi leccionado. No caso brasileiro, os equívocos são muitos dos dois lados do Atlântico, mas – creio eu – de forma mais acentuada em Portugal, não obstante as relações sempre amistosas entre os dois países. O Brasil tornou-se independente da então coroa portuguesa há perto de duzentos anos e a distância, o atraso português

"UM DIA ELA PERCEBEU-O" | Angela Caboz

"Um dia ela percebeu-o." Percebeu que ele era o avesso dos sonhos que ela tinha construído e que sem mais explicações ele destruiu num abrir e fechar de olhos. Percebeu que há sonhos que não se ajustam ao que sentimos. Ela percebeu-o sem que alguma vez ele a tenha conhecido. E foi quando se viu sozinha, num mundo demasiado grande para si, que entendeu que sempre vivera no meio de uma multidão que não sabia quem ela era. Poderia ter sido só mais um dos muitos acasos que não acontecem na vida. Poderia ter sido somente um a encruzilhada em que o destino queria que ela seguisse em frente, e ela hesitou olhando para o lado. Poderia não ser nada, mas ela teimosamente quis que fosse quase tudo. E foi no meio dessa multidão que o olhou como se o futuro já tivesse chegado e o passado nunca tivesse existido. Pegou nessa ilusão e fez daquele sonho a sua razão de existir. Já se tinha habituado ao que a fazia sofrer, apesar de também saber que merecia mais do que um sofri

"QUANDO A PRIMAVERA LHE CHEGAR" | Ró Mar

Imagem: Amar sempre. "QUANDO A PRIMAVERA LHE CHEGAR" Na maciez da pele se aflora o cântico  D' amendoeira d' olhar romântico Que dança p'lo arco-íris do lírio Perfumando natura d' um delírio. Na melodia d' uma certa fase do dia Há lua cheia de noite d' eclipse lunar Onde o céu replica puro sino de poesia Adormecendo-a num beijo de pasmar. O planeta respira p'lo breve luar Na companhia do que havia sonhado Até à hora que bem parecer acordar A encantada dupla floral qu' enraízada No leito bainhado por um rio volve folheada Quando a primavera lhe chegar. © Ró Mar https://ro-mar-poesia.blogspot.com

"QUADRAS SOLTAS" | António Cláudio

"Quadras Soltas ao Vento " "Quadras Soltas" Lua que ilumina os céus; É como prata a brilhar!... O brilho dos olhos teus; Fascinam mais que o luar!... Andei perdido na vida; Em revolto turbilhão!... Até encontrar guarida; No teu doce coração!... Saltei valados e montes; E rios de leitos perigosos... Sofri sede... bebi nas fontes; Dos teus lábios apetitosos!... E no teu corpo moreno, Nesse jardim... descobri, Que teu coração pequeno, Guarda grande amor por mim!... Nas noites de temporal; Jamais fico perturbado... Teu amor afasta o mal Quando me deito a teu lado!... Quadras lançadas ao vento; Passa tempo... nada mais!... Frutos do meu pensamento... De muitos outros iguais!... © António Cláudio https://www.facebook.com/antonio.claudio

"O BRILHO DA POESIA" | Frassino Machado

O BRILHO DA POESIA  «Réplica ao “ Manual de Instruções ” de José Félix» Há uma subtil instrução para poetar Que não cabe porém em nenhum Manual Nem obedece a linhas ou a convenções Mas tão só mora no reino da inspiração Revestida de nobres e fulvas emoções… O sonho é o único leme a que obedece, Tendo em conta a dinâmica dos sentidos Que a alma emite no silêncio das palavras Que desabrocham em marés de alternância E em consubstanciais traços indeléveis. Sob as glicínias da minha circunstância Em soltas páginas de livros que nascem Pressinto como que um fogo de paixão Que me remete para o cuidado e o brilho De um combate poético implementado… P´ lo contínuo desalinho de suor vertido! © Frassino Machado In INSTÂNCIAS DE MIM   www.frassinomachado.net