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Mensagens

SAGRADA POESIA | Joaquim Jorge De Oliveira

Ilustração: obra de Manuel Nuñez SAGRADA POESIA Adoro! Quando chovem palavras Suaves como plumas sobre mim Adoro! Quando dispo com o olhar O teu vestido rosa de cetim Adoro! Quando Deus pinta o céu Com as cores do arco-íris E beijo o rosto que escondes no véu Adoro! Quando enfeitas o teu cabelo Com adereços exóticos de magia Adoro o teu crítico e sábio conselho No final de cada sagrada poesia Adoro sentir-me parte do universo Dependente do teu ser mortal Adoro, adoro! Confesso! Esse teu lado mais espiritual Adoro ver passar o tempo. Adoro! Exercer em nós a metamorfose Rápida como um velho meteoro Adoro a prece que inventaste Com a intenção de nos salvar Adoro o sonho que me contaste Longe deste lúgubre lugar Adoro! A noite eterna dos poetas Abençoada pelos teus beijos Oferecidos aos sábios profetas Adoro! Quando sinto desejos Pelas coisas íntimas e secretas Adoro! Quando me deixas amar No éden de flores, esbeltas Adoro sentir a fresca madrugada Com perfume divino de maresia Exaltada pa...

A LEVEZA DO SER | Ró Mar

A LEVEZA DO SER A leveza do ser é beleza de ver A olho nu...; sentir, que o sol vai partir Na noite a nascer; lençol de amanhecer... Cambraia a esculpir o ser que há-de existir... Tecendo sereno a face do terreno Na tela esmeralda...; é sonho de vida, Que anoto no caderno...; é dia em pleno Vento e de grinalda iluminando a saída... Ah! Este mar tão calmo e dum infinito olhar P'lo ser a cirandar... tem mais de um palmo De verdejante almo e mais pra contar... Ah, na tela a brincar lê-se salmo, Que tão bem declamo! Este veranear Dos céus faz do mar paz e vida que amo. © Ró Mar https://ro-mar-poesia.blogspot.com/

"NO VOO DAS PALAVRAS" | Frassino Machado

NO VOO DAS PALAVRAS  Todas as palavras se assemelham a pedras Umas de corpo menor, outras de corpo maior; Com elas se pode matar, ou pode fruir, Com elas se pode chorar, cantar ou sorrir. São pedras e todas elas, corpo de palavras Que em liberdade saem das mãos do poeta; São elas, só elas, que acabam com a guerra Instalando p´ lo tempo a poesia na terra. Há pedras de corpo menor, corpo de versos, E, como se fazem casas, fazem-se os livros; Elas vêm de longe ou encontram-se imersas Nos pontos de encontro, de paixão e promessas. Há pedras de grande corpo, como montanhas, Que fazem abrigos ou, quem sabe, janelas; E revelam-se em si no condão doutras vidas, Vidas alternas, mas sempre vidas sentidas. Palavras de estâncias vivas ou estâncias mortas Feitas quimeras mas revestidas de esperança; Incertos caminhos e sendas encruzilhadas, Nos raios de luz que agitam as madrugadas. Palavras lançadas no instinto do coração Saltando ...

"SERENIDADE" | Joaquim Jorge de Oliveira

Ilustração: Obra do artista austríaco: Cristian Schloe "SERENIDADE" Vieste abraçada à Lua! E eu, gosto da paciência e serenidade Guardada misteriosamente em ti! Enquanto não deixaste a eternidade E voltaste de novo à vida aqui Chegaste como a pluma de um pássaro Solta, e livre, sem querer, sem saber Que é aqui o palco do teatro, da emoção E o bater do coração permite amar e viver Gosto da paciência e serenidade! Que trouxeste com o teu silêncio sereno Quando vieste para aqui de verdade Depois do teu périplo sagrado e eterno E trouxeste contigo esse teu sorriso Que encanta as estranhas criaturas Que ganhaste enquanto estiveste no paraíso Perdida em mil e uma aventuras De perder o norte, a noção da morte, o juízo Gosto da paciência e serenidade! Como voltaste com desejos de colo Que sentiste no mistério da saudade Voltaste como tinhas anteriormente partido Frágil, débil e cega de visão Presa ao teu corpo ainda adormecido...

ARTE POÉTICA OU POESIA | Frassino Machado

ARTE POÉTICA OU POESIA   “O culto das palavras” A pensar e a falar é que a gente se entende. Como se entenderá sem pensar nem falar? As palavras – diáfano tapete que se estende – Suportam, passo a passo, todo o passo a dar. E o culto das palavras está na própria vida Que no seu horizonte gera uma emoção, E somos nós, os poetas, que lhe damos vida Sob a forma de poemas com a inspiração… Buscar palavras, quer ao sol quer ao luar, É o gesto de dor que todo o poeta despende Até que a obra se revele a germinar Naquela chama ardente qu´ o seu estro acende. Arte poética que, em si mesma, é poesia – Rosário de palavras, de alegria e canto – E mais o é se ela contiver a harmonia P´ la doce exaltação do seu feliz encanto! © Frassino Machado In JANELAS DA ALMA   www.frassinomachado.net

"ORTOGRAFIA, LUSOFONIA E PRECONCEITOS" | Fernando Couto e Santos

"ORTOGRAFIA, LUSOFONIA E PRECONCEITOS" Há algumas semanas, fomos surpreendidos - ou talvez não - por notícias vindas a lume na imprensa que se faziam eco de um certo mal-estar na universidade portuguesa. Esse desconforto estribava-se na incapacidade revelada por alguns professores para lidarem com alunos oriundos de outros países de língua portuguesa, mormente timorenses e brasileiros, ao ponto de, não raro, os alunos desses países serem brindados com uma muito desagradável frase: «Fale português!». No caso timorense, não conheço bem a realidade de um país em que durante a ocupação indonésia - que durou duas décadas e meia - o português nem sequer foi leccionado. No caso brasileiro, os equívocos são muitos dos dois lados do Atlântico, mas – creio eu – de forma mais acentuada em Portugal, não obstante as relações sempre amistosas entre os dois países. O Brasil tornou-se independente da então coroa portuguesa há perto de duzentos anos e a distância, o atraso português ...