Pintura de Van Gogh
“A QUINTA - FEIRA”
E os dias iam passando, perfazendo meses desde o primeiro dia que te vi!
É que, por mais estranho que pareça, o meu coração andava tonto desde o primeiro dia em que olhei para ti!
E fiquei sempre acorrentado à mesma cegueira de te voltar a ver, sob a pressão de um clima tenso e desmoralizante ao qual parecia já não ter forças para sobreviver!
Mas naquela tarde de uma quinta-feira esplendorosa, tudo parecia empenhado em querer alegrar-me embora o contentamento que o destino estava empenhado em oferecer-me naquele dia, ainda se encontrava longe do seu apogeu!
O momento supremo, aquele que me lembrará pela vida inteira, surgiu algumas horas mais tarde o qual me envolveu num luminoso manto de esperança que o meu coração sofreu…
Não há palavras capazes de exprimirem a gama de sensações que se apossaram de mim no instante em que afagamos as nossas mãos pela primeira vez!
Então finalmente entrei no reino duma felicidade até aí desconhecida, e uma sensação infinita, brotou na minha alma, voando para os teus olhos que me enterneceram, embaciando os meus...
Escutei-te em silêncio suspenso daquelas aprazíveis afirmações, que me agradavam de sobremaneira como os olhos teus!
À despedida a tua boca, que começou a conhecer o caminho da minha fronte, depôs um beijo sobre os meus lábios ainda trémulos… Sorri com duas lágrimas a rolaram pela minha face, que foram cair no chão…
Já em minha casa, uma grande, formosa borboleta branca de asas fosforescentes, entrou pela janela entreaberta do meu quarto e, roçando de leve os meus cabelos poisou afoita na minha mão…
Um aroma de flores bailou ao meu redor, ficando aí a pairar em promessas e cânticos de vida!
E o milagre, o sonhado milagre, começou desde logo a fazer a sua prodigiosa teia de oiro, onde por todo o sempre te darei guarida!…