Aguarela de Amoacy
“A NATUREZA SEM CORTINA”
Na areia da paria, ao nascer do sol quantas vezes ali fiquei,
Reflectindo em tudo aquilo que na minha vida gostei e amei!...
O encanto das manhãs sempre foi o meu prelúdio,
Porque do impacto da aurora nunca temi o seu repúdio…
Conheço a cor do vento que ali sopra que gemendo põe as ondas a dançar…
E com um sorriso nos lábios e promessas nos olhos ali fico a adorar o mar…
A saborear o brilho das gotas do orvalho matinal
E do som dos búzios no marulhar do mar musical…
E sem aviso um raio de sol rompeu a neblina,
Acendendo um clarão levantando a cortina
Onde a Natureza se escondia, ficando envergonhada!
Estava a amar na sua intimidade ficando agora iluminada!
E vi as rochas morenas vestidas de verdes algas com picos bicudos
A esperar as ondas que as abraçavam com seus braços carnudos!...
Vi as ondas bravias a beijar as praias adornadas com algas brilhantes
Como sereias de braços abertos a clamarem pelos seus gigantes!...
E também vi beijos fortuitos em bocas distraídas, no meio da praia
Enfeitados com búzios estrelas-do-mar e vestidos de cambraia!...
E para que sinta que o cheiro da maresia sobressaia
Ele penetrou suavemente no peito meu,
Que ainda continua e continuará a ser todo teu!...
Alfredo Costa Pereira