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A mostrar mensagens de 2018

"A LUZ DE TEU OLHAR" | Ró Mar

"A LUZ DE TEU OLHAR" A luz de teu olhar, deixa-me perplexa numa mesura infinita, em que me deleito e descanso, num silêncio profundo. À margem das tuas reais pestanas leio a suavidade do dia, e assim surge a emblemática paisagem pela minha alma, repleta de vida. Vida que espreguiço pelo teu olhar, a madressilva, e levo comigo a melhor das poesias para cantar pelos beirais de outros dias. Minha amada, amante, paixão que me seduz e embala pelo solstício de um amor de cor una a todas as eras. À noite o dia transborda, pela tua quimera, e meu corpo sente a alquimia que abraça o universo e dá espaço para muitos outros versos, onde a humanidade é senhora de coração azul, tal e qual a luz que tu irradias, e a vida é céu aberto, tal as tuas nobres 'meninas'.  Cantarei, cantarei a tua mocidade aos quatro cantos do mundo e jamais me cansarei!  Se te perder de vista sei que vou conseguir continuar o caminho, pois, é tão intenso o meu desejo que não há na

“A CASINHA NO MONTE” | Alfredo Costa Pereira

Pintura de Carlos Ramos “A CASINHA NO MONTE” Aquela casinha branca além, encostada às outras na aldeia da serrania, na solidão do monte, está risonha a branquejar, e ainda guarda na luz do dia, um rasto amarelo de luar! E soprada pelo vento, escreve canções plenas de harmonia! As lindas e pequenas flores bravias que se abrem entre a penedia e os mansos animais que devagar, com melancolia por ali vão passar, dão-me vontade de ter um cavalete, telas, pincéis e tintas, para poder pintar aqueles diferentes cenários de encanto, de amor e de alegria. Na limpidez do azul, e da fresca e subtil aragem, bafeja brandamente a imagem daquela casinha branca envolta no silêncio da calma, com janelas viradas a Sul. Escuta amor, a mensagem do vento a passar, e repara como as rochas debruçadas pelos montes nos estão a mirar! Entenderam a brisa, estão contentes por irmos para aquela casinha branca namorar, vendo o rasto amarelo do luar! © Alfredo Costa Pereira https://w

“A NATUREZA SEM CORTINA” | Alfredo Costa Pereira

Aguarela de Amoacy “A NATUREZA SEM CORTINA” Na areia da paria, ao nascer do sol quantas vezes ali fiquei,  Reflectindo em tudo aquilo que na minha vida gostei e amei!... O encanto das manhãs sempre foi o meu prelúdio,  Porque do impacto da aurora nunca temi o seu repúdio… Conheço a cor do vento que ali sopra que gemendo põe as ondas a dançar…  E com um sorriso nos lábios e promessas nos olhos ali fico a adorar o mar… A saborear o brilho das gotas do orvalho matinal  E do som dos búzios no marulhar do mar musical…  E sem aviso um raio de sol rompeu a neblina,  Acendendo um clarão levantando a cortina  Onde a Natureza se escondia, ficando envergonhada!  Estava a amar na sua intimidade ficando agora iluminada! E vi as rochas morenas vestidas de verdes algas com picos bicudos A esperar as ondas que as abraçavam com seus braços carnudos!... Vi as ondas bravias a beijar as praias adornadas com algas brilhantes  Como sereias de braços abe

"SER OU NÃO SER LITERATO" | Frassino Machado

"SER OU NÃO SER LITERATO"  Ser ou não ser um literato Eis mesmo uma grande questão Escrever é um brioso acto Qu´ anda sempre de mão em mão. Não s´ escreve, porque não s´ escreve… Se s´ escreve, é um descalabro... Porém quem não deve não teme Ser ou não ser um literato.  Ninguém nasceu para escrever Mas teve de aprender a lição, Ser um literato e crescer Eis mesmo uma grande questão.  Agir e comunicar é firme Com palavras de bom trato P´ ra solidão ser mais sublime Escrever é um brioso acto. Fazer escrita não é fantasia, Da história é a consagração, E se é paixão torna-se ousadia  Qu´ anda sempre de mão em mão. Voam palavras em toda a parte E nunca é justo o denegrir: Qu´ o literato goze a sua arte Quem não o é que possa fruir. Na prosa, na poesia ou drama Ninguém é grande nem pequeno Quem escreve, a arte reclama E contestá-lo é um puro veneno!  Frassino Machado RODA-VIVA POESIA   www.frassinomach

"O Poema: Céu-Mar" | Ró Mar

"O Poema: Céu-Mar" Poeta do meu coração Espero sempre o teu poema,  Minha alma é solidão No teu tempo vão. O meu tempo não importa, O que importa no momento É saber que nesta porta Só entra o teu pensamento. Escreve-o de coração No dedilhar da tua pena A clave de nós só tem uma tradução Amor e poesia plena. Menina dos olhos doces Porque escondes teu olhar? Olho-te como se fosses Uma rosa de suave tocar. Nem eu sei bem… Mas, não ouso tais sentimentos, Quedo-me nos pensamentos Que sei que te vão bem. Se me quiseres olhar Com teu olhar de menina Eu me hei-de apaixonar Pelos teus olhos, Rosa minha. O carinho das tuas silabas Guardo pelo meu castanho olhar, Que dos teus versos se fez azul mar, Quiçá, um dia o sigas. Teus versos são como estrelas Que brilham no meu olhar, E, entre as estrelas mais belas É a ti que eu hei-de amar. O poema que nasceu do nada É agora o céu-mar… Que abraça o eterno

“PORQUE NA VIDA NOS LIGA O AMOR” | Alfredo Costa Pereira

Pintura de Florença Harrison “PORQUE NA VIDA NOS LIGA O AMOR” À tua prosa prefiro o meu verso, Se bem que a ame com ternura. Mas no belo eterno do Universo, Verso tem mais brilho e candura! Fala-nos à alma, ao sentimento; Têm a graça e leveza preciosas! Mas gosto das tuas belas prosas Quando definem um pensamento! Tuas prosas fluentes e de primor; É-me grato saboreá-las devagar, Sinto muito gosto em as guardar. E porque na vida nos liga o amor Os meus versos trazem a ventura E tuas prosas trazem-me frescura! Alfredo Costa Pereira https://www.facebook.com/alfredocostapereira

“A diáspora da linguagem” | Frassino Machado

  O filósofo helenístico Diógenes de Sínope, 413 – 323 a.C.,  aluno de Antístenes [discípulo de Sócrates]. EM BUSCA DAS PALAVRAS PERDIDAS “A diáspora da linguagem” Vêm de muito longe as palavras, de há muito nascidas Na permanente fala dos seres humanos distinguidos –  Saga do homo sapiens, em seus diálogos consentidos, Na convivência co´ as coisas e co´ as suas próprias vidas. As palavras vieram transmutar o uso dos sinais, Recriando por elas mesmas a ingénua linguagem Que vive no seu dentro em forma d´ ideia e de mensagem  Fazendo aproximar cada ser, por si, aos seus iguais.  Nesta diáspora interminável até aos dias de hoje As palavras geraram a arte do pensar e do agir E criaram, na sua identidade, um jeito de fruir O seu progresso, pela emergência do tempo que foge.  Longa odisseia se instalou, pela conquista da terra Esquecendo o ser de si pela vil ganância do poder Aquele poder qu´ a própria palavra fez acontecer Nascendo daqui a

“A ILHA DOS AMORES” | Alfredo Costa Pereira

Aguarela de Urban Scketchers “A ILHA DOS AMORES” Com pombas e gazelas  No meio de um oceano, Há uma ilha por engano Cheia de flores amarelas. Tem florestas de sonhos Estrelas, luares risonhos; Nunca chegaram barcos Pelas rotas dos astros. É perfumada, esta ilha Com canela e baunilha; O sol põe a pele escura, As pedras como brasas! Vamos? Abre tuas asas, E a tua sede de aventura!  Alfredo Costa Pereira https://www.facebook.com/alfredocostapereira

"OS SILÊNCIOS SÃO SEMPRE SINGULARES..." | Ró Mar

"OS SILÊNCIOS SÃO SEMPRE SINGULARES..." Os silêncios são sempre singulares... Movidos de uma força maior que o pensamento, Iluminados pelo astro-rei que lhes confere saberes, Dote de um tempo uno que transpõe o momento. E, é pelo singular de cada um dos singulares  Que se constrói vida em todos os seres, Que se prova o cálice da existência regendo o coração Em plena harmonia com a razão. Sempre que há silêncios há mundos singulares, Há frases tão concretas e definidas Quanto as gentes que destilam sílabas, Em suma, há universos diferentes pelos olhares. Ah, quem ousa deslocar as palavras Pelo tempo uno submete-se ao romper de searas! Os silêncios são sempre singulares... © Ró Mar http://ro-mar-poesia.blogspot.com  

"A POESIA FALA POR SI " | Frassino Machado

"A POESIA FALA POR SI " «Da afabilidade poética» Toda a Poesia tem a sua própria linguagem –  Que os antigos diziam que era a dos deuses – Aquela que provem, da sua inspiração P´la acção das Musas no decurso da viagem E que transporta na inefável bagagem Palavras reveladas pela imaginação…  Poesia-farsa que não passa de palavras, Sem conteúdo e esvaziadas de sentido, Que facilmente são levadas pelo vento Das encostas longínquas, donde correm lavas Que fazem delas panaceias desconchavas,  Num horizonte sem vivência e condimento… Palavras-água que permitem germinar Cada minuto, e cada hora e cada dia, As emoções genuínas de cada alma… Palavras-fruto que compete partilhar Fazendo cada ser poder-se transformar Em versos e poemas de sagrada calma. Poesia… não precisa jamais de alibi  Antes toda ela, em cada agir, fala por si!  Frassino Machado JANELAS DA ALMA   www.frassinomachado.net

“A QUINTA - FEIRA” | Alfredo Costa Pereira

Pintura de Van Gogh “A QUINTA - FEIRA”  E os dias iam passando, perfazendo meses desde o primeiro dia que te vi!  É que, por mais estranho que pareça, o meu coração andava tonto desde o primeiro dia em que olhei para ti!  E fiquei sempre acorrentado à mesma cegueira de te voltar a ver, sob a pressão de um clima tenso e desmoralizante ao qual parecia já não ter forças para sobreviver!  Mas naquela tarde de uma quinta-feira esplendorosa, tudo parecia empenhado em querer alegrar-me embora o contentamento que o destino estava empenhado em oferecer-me naquele dia, ainda se encontrava longe do seu apogeu!  O momento supremo, aquele que me lembrará pela vida inteira, surgiu algumas horas mais tarde o qual me envolveu num luminoso manto de esperança que o meu coração sofreu… Não há palavras capazes de exprimirem a gama de sensações que se apossaram de mim no instante em que afagamos as nossas mãos pela primeira vez!  Então finalmente entrei no reino duma felicidade até a

"UM MUNDO MARAVILHOSO" | Auber Fioravante Júnior

Arte: Auber Fiori "Um mundo maravilhoso" seja das letras d’um poeta  seja dos versos d’um poema um mundo maravilhoso por palavras ao vento  por uma nudez d’uma alma divagando entre os silêncios do tempo entre os silêncios de um beijo de um abraço um mundo maravilhoso pelas estrelas  d’um céu acinzentado pelas nuvens de inverno  trazendo o luar  pela poesia desnudando  a musa entre pétalas  e uma taça de vinho um mundo maravilhoso pela canção cantando à chuva pela voz gemendo em melodia de respirar de aspirar  de deixar acontecer  enquanto um corpo navega  d’outro delira avesso de amar ah um mundo maravilhoso vindo dos violinos violões violoncelos ah um mundo maravilhoso vindo das lágrimas vindo de nós! Auber Fioravante Júnior https://www.facebook.com/auber.fioravantejunior

"AI, Ó SONETO, SONETO" | Frassino Machado

"AI, Ó SONETO, SONETO"  Há mais Soneto pra além dos catorze versos E mais Poesia pra além do que é soneto Só não entende quem faz do poema panfleto Ou usa das palavras com sentires perversos… As palavras são projectadas do alfabeto, Os poemas, quais artefactos mui diversos,  Fazem qu´ os poetas sejam sempre controversos Levando, de per si, a cada alma o seu aspecto. Catorze versos – há que desmistificar o mito –  Menos ou mais, ele será sempre original E a poesia, que na estética, é visceral Jamais há-de perder seu leme e gabarito. Ai, ó soneto, Soneto, onde está o teu «graal» Quem faz, por justa causa, dar corpo ao conflito? Onde está a inspiração, no jeito ou no rito, Que desvenda a tua imagem consensual? Ai, ó soneto, Soneto, não caias em teu ocaso E vai morar co´ as Musas no real Parnaso! Frassino Machado,  AS MINHAS ANDANÇAS www.frassinomachado.net

"Trova do Vento que Passa" | Manuel Alegre

"Trova do Vento que Passa" A António Portugal  Pergunto ao vento que passa  notícias do meu país  e o vento cala a desgraça  o vento nada me diz.  Pergunto aos rios que levam  tanto sonho à flor das águas  e os rios não me sossegam  levam sonhos deixam mágoas.  Levam sonhos deixam mágoas  ai rios do meu país  minha pátria à flor das águas  para onde vais? Ninguém diz.  Se o verde trevo desfolhas  pede notícias e diz  ao trevo de quatro folhas  que morro por meu país.  Pergunto à gente que passa  por que vai de olhos no chão.  Silêncio - é tudo o que tem  quem vive na servidão.  Vi florir os verdes ramos  direitos e ao céu voltados.  E a quem gosta de ter amos  vi sempre os ombros curvados.  E o vento não me diz nada  ninguém diz nada de novo.  Vi minha pátria pregada  nos braços em cruz do povo.  Vi meu poema na margem  dos rios que vão pró mar  como quem ama a viagem  mas tem sempre de ficar. 

"Luís Vaz de Camões | Uno Poeta" - Ró Mar

Foto © Ró Mar - Camões | Portugal "Luís Vaz de Camões | Uno Poeta" O meu maior beijo vai para a língua portuguesa  Que assenta muito bem p'lo céu duma alma genial!  P'lo mar dos descobrimentos encontro com certeza O grã génio das letras - Luís Vaz de Camões | Poeta Que se fez p'lo caminho à história de Portugal: Mergulhando a fina pena em mares não navegados,  Conquistando a nova-esperança, testemunha os heróis  P'la epopeia, que em meus olhos acende tal dois faróis: Um em Terra, outro além-mar - uno abraço ao Mestre  Que canta Vida - "Os Lusíadas": p'los dez cantos Leio a sapiência duma só alma e tamanha pátria Exaltada pelo soneto que enxerga pura poesia. Singela homenagem que componho, em orla terrestre, Crendo que vale a pena sonhar Vida, num tempo real E em sentido inverso [do mar prá terra], Salve Portugal! O meu maior beijo vai para além-mar [céu] | Uno Poeta. © Ró Mar http://ro-mar-poesi

Sermão de Santo António aos Peixes | Padre António Vieira

Foto © Ró Mar | Museu de Santo António | Lisboa Sermão de Santo António aos Peixes V Descendo ao particular, direi agora, peixes, o que tenho contra alguns de vós. E começando aqui pela nossa costa: no mesmo dia em que cheguei a ela, ouvindo os roncadores e vendo o seu tamanho, tanto me moveram o riso como a ira. É possível que sendo vós uns peixinhos tão pequenos, haveis de ser as roncas do mar?! Se, com uma linha de coser e um alfinete torcido, vos pode pescar um aleijado, porque haveis de roncar tanto? Mas por isso mesmo roncais. Dizei-me: o espadarte porque não ronca? Porque, ordinariamente, quem tem muita espada, tem pouca língua. Isto não é regra geral; mas é regra geral que Deus não quer roncadores e que tem particular cuidado de abater e humilhar aos que muito roncam. S. Pedro, a quem muito bem conheceram vossos antepassados, tinha tão boa espada, que ele só avançou contra um exército inteiro de soldados romanos; e se Cristo lha não mandara meter na bainha, eu vos p

"UM PIANO NA MINHA RUA..." | Fernando Pessoa

"UM PIANO NA MINHA RUA..." Um piano na minha rua… Crianças a brincar… O sol de domingo e a sua... Alegria a doirar… A mágoa que me convida A amar todo o indefinido… Eu tive pouco na vida Mas dói-me tê-lo perdido. Mas já a vida vai alta Em muitas mudanças! Um piano que me falta E eu não ser as crianças! Fernando Pessoa, Poesias

"Alma Minha Gentil, que te Partiste" | Luís de Camões

"Alma Minha Gentil, que te Partiste" Alma minha gentil, que te partiste  Tão cedo desta vida descontente,  Repousa lá no Céu eternamente,  E viva eu cá na terra sempre triste.  Se lá no assento Etéreo, onde subiste,  Memória desta vida se consente,  Não te esqueças daquele amor ardente,  Que já nos olhos meus tão puro viste.  E se vires que pode merecer-te  Algũa cousa a dor que me ficou  Da mágoa, sem remédio, de perder-te,  Roga a Deus, que teus anos encurtou,  Que tão cedo de cá me leve a ver-te,  Quão cedo de meus olhos te levou.  Sonetos, Luís Vaz de Camões

Os Maias - Eça de Queirós

Palácio Ramalhete | Janelas Verdes - Lisboa - Portugal Os Maias   I A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o Ramalhete. Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de Residência Eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da Sr.ª D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo assemelhar-se-ia a um Colégio de Jesuítas. O nome de Ramalhete provinha, decerto, de um revestimento quadrado de azulejos fazendo painel no lugar heráldico do Escudo d'Armas, que nunca chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de girassóis atado por uma fita onde se distinguiam letras e números de